terça-feira, 22 de julho de 2008

LOBATO VANGUARDISTA


Nas resenhas que têm tratado do relançamento das obras infantis e adultas de Monteiro Lobato pela editora Globo, surpreende a freqüência com que se repetem as cantilenas de regionalismo, pré-modernismo, racismo, como se não fosse possível fazer uma releitura do autor, como aquela que nos anos 1960 "reinventou" o marco da Semana de Arte Moderna para atualizar Mário e Oswald de Andrade enquanto vanguarda brasileira. Anos antes de Macunaíma, a personagem de A menina do Nariz Arrebitado (1920), Lucia, já cedia espaço a uma boneca de pano precocemente macunaímica. Ou seria o contrário? Em Macunaíma (1928), traços do caráter de Emília estariam presentes? Há uma diferença irônica e uma divergência de enunciações que impedem um passo direto de Jeca Tatu a Macunaíma, mas a irreverência de Emília tem parentesco com o herói sem-caráter.

O GLOBO -19/07/2008 - por Eliana Yunes

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