sábado, 6 de dezembro de 2008

A INTERRUPÇÃO DA VIDA



Expulsão prematura do meu filho

Resultou em sua morte


Fiquei deprimida

Arrependida

Enlouquecida


Senti a chegada do vazio

Da solidão


Fiquei sem voz

Sem vez

Com fome


Fome de parceria

De diálogo

De interlocução

De compartilhar meus anseios e angústias


Pasmem!

O “falso parto” acontecia

O feto era expulso lentamente

E todos aplaudiam ardentemente

A interrupção da gravidez recebeu até prêmio de melhor projeto


Os aspectos moral, ético e legal nem foram cogitados

E nem houve estupro ou havia risco de vida maternal

Houve sim: negligência, displicência, inércia


Quando me dei conta,

Corri para ter certeza

Para tentar me convencer


Vi, estarrecida , os pavilhões vazios

Não consegui ouvir mais os risos, a gritaria ,as gargalhadas

Surtei...

O lugar estava inóspito!


Então me dei conta do mal coletivo

Percebi que muitos tinham agido como eu

As vozes dos alunos foram abafadas

As aulas exterminadas

A essência da vida estava dormindo na laje fria

O aborto da EDUCAÇÃO mais uma vez se concretizara.


DENISE DIAS DE CARVALHO SOUSA

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