Expulsão prematura do meu filho
Resultou em sua morte
Fiquei deprimida
Arrependida
Enlouquecida
Senti a chegada do vazio
Da solidão
Fiquei sem voz
Sem vez
Com fome
Fome de parceria
De diálogo
De interlocução
De compartilhar meus anseios e angústias
Pasmem!
O “falso parto” acontecia
O feto era expulso lentamente
E todos aplaudiam ardentemente
A interrupção da gravidez recebeu até prêmio de melhor projeto
Os aspectos moral, ético e legal nem foram cogitados
E nem houve estupro ou havia risco de vida maternal
Houve sim: negligência, displicência, inércia
Quando me dei conta,
Corri para ter certeza
Para tentar me convencer
Vi, estarrecida , os pavilhões vazios
Não consegui ouvir mais os risos, a gritaria ,as gargalhadas
Surtei...
O lugar estava inóspito!
Então me dei conta do mal coletivo
Percebi que muitos tinham agido como eu
As vozes dos alunos foram abafadas
As aulas exterminadas
A essência da vida estava dormindo na laje fria
O aborto da EDUCAÇÃO mais uma vez se concretizara.
DENISE DIAS DE CARVALHO SOUSA
Nenhum comentário:
Postar um comentário